28.12.07
Parece piegas ou infantil, mas ainda me encantam as luzes natalinas que ornamentam prédios, casas e árvores entre novembro e janeiro. Desde criança. É como se a emoção do Natal como tempo mágico da infância continuasse a se manifestar, mesmo depois de a "criança" já saber que existe não aquele Papai Noel, mas essa onda consumista desesperada de todo fim de ano.
Então porque a fantasia persiste? Pelo mesmo motivo que acreditamos, uns mais outros menos, que a partir de 1 de janeiro vamos realizar tudo que quisermos e a vida vai melhorar. Porque precisamos, de tempos em tempos, renovar esperanças e crer que tudo vai dar pé. Se não tivermos essa perspectiva, porque seguir em frente?
Bruno Pessa ainda envia cartões de natal pelo correio e deve ter escrito esse texto em novembro, numa folha de rascunho, quando notou luzes natalinas nos prédios de SP
18.12.07
(a notícia q vc lê aki não é fresca, mas quando a editei lembrei que a cena segue se repetindo, ainda mais em SP)
6.12.07
- O q t revolta + : ser assaltado em menos de 10 segundos ou esperar 3 horas pra fazer um B.O.? Bom, pelo menos o assaltante foi objetivo, direto ao ponto, e não me deixou dores no corpo...
NOTA DEZ!
- Sabia q os CORREIOS (ah, os correios!) te dão a chance de ser PAPAI NOEL das pessoas humildes que pedem brinquedos e outros presentes, por meio das cartas que elas escrevem nessa época? Basta ir a uma das agências, que oferecem uma seção com as inúmeras cartas recebidas, e selecionar a(s) que quiser "adotar". Se vc comprar o presente e levar aos correios até o fim da semana que vem, eles entregam gratuitamente à pessoa. Se deixar para mais perto do dia 25, vc mesmo entrega, pessoalmente ou via correio, pagando.
Uma atitude como essa não resolve a pobreza de ninguém, mas nos torna mais humanos e leva um pouco de alegria ao coração de quem quase não tem motivos pra rir. Experimente, propague e partilhe comigo essa sensação formidável!
22.11.07
Dia 28, quarta agora, tem o lançamento do livro "Jornalistas Literários: Narrativas da Vida Real por Novos Autores Brasileiros" (Ed. Summus), organizado por Sérgio Vilas Boas, com a humilde presença deste que escreve como co-autor!
Será na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509), das 19 às 22h, com muita probabilidade de rolar uma esticada pra comer/beber mais... (pra mim, comer vem sempre na frente!)
Quem puder/quiser ir, dá um toque aê, blz?
14.11.07
Nenhum sonho é 100% realista, claro, mas esse é curioso e surpreendentemente recorrente: de repente vc se descobre pelado no seu sonho, sem saber como ficou "nesse estado" e porque, de uma hora para outra (e não desde o começo), sente vergonha dos que o vêem assim!
Eu já sonhei, sei de amigos que sonharam e só o Orkut conhece mais de mil pessoas que também sonharam. Um dos moderadores de uma das comunidades orkúticas falou do assunto:
"desde pekeno eu tinha esses sonhos,mas depois q cresci fiquei um bom tempo sem te-los..um belo dia tive novamente e resolvi fazer a comunidade. eu ja sabia q varios amigos meus ja haviam tido esse sonho, mas n esperava q a comunidade crescesse dessa maneira.
o motivo de acontecer com tanta gente eu nao sei...dizem q eh insegurança,acho q por termos esses sonhos com +frequencia qndo somos +jovens, deve ter algo relacionado com o medo da criança de ficar pelada em publico,principalmente no colegio onde so tem pessoas conhecidas q te veem todo dia.
po meus sonhos pelados sempre foram mto rapidos,n lembro direito deles+em geral eu ia p/colegio como se fosse um dia normal,e reparava q todos me olhavam e depois ficava constrangido pois percebia q tava pelado..."
Como foi com vc??
8.11.07
Aproveita, só quem tem
o produto é o "shopping do trem",
enquanto us guarda num vêm!
MOMENTO "EH PHODA VÉI"
Como se já não bastasse a Uninove (que é sempre dez) movimentar milhares de estudantes BEM NO MEU CAMINHO para a Barra Funda, ela acaba de levantar outro PUTA DUM PREDIÃO ali nos arredores, a 500m do primeiro. EITA TROÇO que dá dinheiro nesse país: administrar faculdade particular!
Tá certo que, se não fosse essa disseminação, muita gente não teria como chegar ao ensino superior, mas se a questão é difundir o acesso à formação, por que não potencializar o ensino público em todos os níveis?
VC ACHA CERTO Q A EDUCAÇÃO SEJA UMA MERCADORIA??
(só pra não esquecer velhas bandeiras: CONTRA A SHOPPINIZAÇÃO DO ENSINO!! ABAIXO À ESCADA ROLANTE!)
24.10.07
A idiotice é vital para a felicidade.
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota!
Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça? hahahahahahahahaha!...
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim. Brincar é legal. Entendeu? Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva. Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável. Teste a teoria. Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras.
Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir... Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios... Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos..."
Arnaldo Jabor
9.10.07
O FUTEBOL É ATRAENTE POR CAUSA DISSO: mais do que noutros esportes, o surpreendente e o imponderável se manifestam, a matemática e a lógica falham e a única justiça é a lei do gol válido: quem marca mais vence quem marca menos, mesmo que "jogue menos", como foi nesse São Paulo 0 x 1 Corinthians e em tantos outros jogos. E é por essas e outras que O FUTEBOL É UM TROÇO LOKO DIMAI!
24.9.07
Celso Lungaretti
No início dos anos 80, quando trabalhava em revistas de música, tive uma breve amizade com o Raul Seixas. O que nos aproximou foi termos ambos 1968 como referencial maior de nossas existências. Músicas tipo "Metamorfose Ambulante", "Cachorro Urubu" e "Sociedade Alternativa" lavavam minha alma, num momento em que a velha esquerda autoritária e rabugenta se reconstruía, passando como um rolo compressor sobre os sonhos da "geração das flores".
De papos sóbrios e etílicos que tive então com o Raulzito, posso dizer que o lance da sociedade alternativa era, basicamente, o de agruparmos as pessoas com boa cabeça em comunidades que estivessem, ao mesmo tempo, dentro do sistema (fisicamente) e fora dele (espiritualmente).
Essas comunidades existiram no Brasil, de 1968 até meados da década seguinte. Nelas praticávamos um estilo solidário de vida, buscando reconciliar trabalho e prazer. Procurávamos ter e compartilhar o necessário, evitando a ganância e o luxo.
Acreditávamos que um homem novo só afloraria com uma prática de vida nova; quem quisesse mudar o mundo dentro das estruturas podres, acabaria sendo, isto sim, mudado pelo mundo. Uma verdade que acaba de ser, mais uma vez, demonstrada, com a adoção pelo PT da política econômica neoliberal e das práticas delinqüentes antes criticadas nos inimigos.
Então, em vez de conquistar o governo para tomar o poder e construir uma sociedade mais justa, como tenta em vão fazer a velha esquerda, nós acreditávamos em ir praticando uma vida não-competitiva em comunidades que se entrelaçariam e cresceriam aos poucos, até "engolirem" a sociedade antiga.
Mantenho basicamente esse ideal – tanto que, em meu próximo livro, pretendo exatamente resgatar teses e posturas da chamada Nova Esquerda dos anos 60, provando que, mais do que nunca, apontam o caminho para sairmos deste inferno que o capitalismo globalizado engendrou.
O NÉO-ANARQUISMO – Se, como todo mundo diz, a Sociedade Alternativa proposta pelo Raulzito tinha muito a ver com os livros do bruxo Aleister Crowley (que ele e o Paulo Coelho andaram traduzindo do original), também se inspirava nas barricadas parisienses, nas comunidades hippies e na contracultura, o que poucos apontam.
Ele e eu conversamos muito sobre isso; éramos ambos saudosos dos tempos em que tentávamos nos tornar homens novos na convivência solidária com os irmãos de fé, em nossos "territórios livres".
A referência ao maio/1968 francês é óbvia, por exemplo, na segunda estrofe de "Cachorro Urubu": "E todo jornal que eu leio/ me diz que a gente já era,/ que já não é mais primavera./ Oh, baby, a gente ainda nem começou."
Os conservadores (incluindo a velha esquerda stalinista) sempre tentaram reduzir a obra do Raulzito a uma provocação artística, sem maiores conseqüências políticas e sociais. Mas, ele não era meramente um gênio de comportamento anárquico, como tentam retratá-lo, folclorizando-o para torná-lo inofensivo.
Era, isto sim, um homem sintonizado com o néo-anarquismo que esteve em evidência na Europa e EUA na virada dos anos 60 para os 70. E só não dizia isso de forma mais explícita em suas canções porque o Brasil era um estado policial, submetido a uma censura rígida, embora burra.
Este não era, claro, o único aspecto de sua multifacetada personalidade – talvez nem o principal. Mas é o que mais tem sido omitido pelos que querem fazer dele apenas um monumento do passado, não um guia para a ação no hoje e agora.
LIKE A ROLLING STONE - Eu vivi na estrada e em comunidade, em 1971/72. Foi uma experiência riquíssima.
O que atrapalhava muito era a tensão entre a liberdade que queríamos construir em recinto fechado e o terror e o medo que grassavam "lá fora". Vivíamos acuados, os cidadãos comuns nos olhavam com medo ou rancor por causa de nossas cabeleiras e roupas extravagantes. Enquanto isso, a economia deslanchava e alguns sentiam-se tentados a ir buscar também o seu quinhão do "milagre brasileiro".
Hoje, quem tem olhos para ver já pode aquilatar o que é a sociedade de consumo e a posição de país periférico na economia globalizada: parafraseando Conrad, "o horror, o horror!".
Acostumado aos tempos em que se trabalhava para viver, eu não consigo aceitar que atualmente as pessoas vivam para trabalhar, mobilizadas por objetivos profissionais umas 14 horas por dia (expediente, horas extras que dificilmente são pagas, cursos e mais cursos de atualização profissional, etc.).
E tudo isso para quê? Para poderem comprar um monte de objetos supérfluos e quase nunca encontrarem relacionamentos gratificantes no dia-a-dia, pois as pessoas já não sabem mais interagir – querem apenas usar umas às outras.
Então, fico pensando que, em lugar de levarmos vida de cão dentro do sistema, poderíamos todos estar nos agrupando em casarões da cidade e sítios no campo, criando pequenos negócios para subsistência, plantando, levando uma vida simples mas solidária. Reaprendendo a ter no outro um irmão e não um competidor.
Essas comunidades urbanas e rurais se entrelaçariam, ajudando umas às outras, trocando o que produzissem, prescindindo dos bancos, escapando dos impostos e das formas de controle do Estado. Em suma, praticando criativamente, adaptados aos dias de hoje, os ensinamentos de Thoureau em "A Desobediência Civil".
Seria um ponto de partida. E, conforme os "territórios livres" fossem crescendo, poderiam até virar algo mais sério – uma alternativa para toda a sociedade.
Enfim, o importante mesmo é começar a caminhada, dando um passo depois do outro.
COMO FAZER – Nas comunidades de 1968/72, o que se fazia era reviver a velha democracia grega: reuniões para se decidir os assuntos mais importantes, para nos conhecermos melhor, para sonharmos e brincarmos.
Podia começar num debate acirrado e terminar com todo mundo nu dançando ao som de "Let the sun shine in" (com inocência, pois não éramos dados ao sexo grupal).
Enfim, tentávamos existir plenamente como grupo, esforçando-nos para superar o egoísmo e a possessividade.
Havia problemas, claro. Emprestávamos ao outro o que ele estava precisando mais, numa boa; só que, às vezes, descobríamos na enésima hora que alguém tinha levado sem pedir aquilo que a gente ia usar. Dava discussão e os limites tinham de ser depois definidos na reunião coletiva da nossa "comuna".
Também não era fácil administrar o jogo das paixões. Minha amizade com um ótimo companheiro andou estremecida por uns tempos quando a namorada rompeu com ele e iniciou uma relação comigo. Por mais que quiséssemos nos colocar acima de sentimentos menores como o ciúme, eles existiam e nos machucavam.
O importante, entretanto, era essa vontade que todos tínhamos de superar as limitações de nossa educação pequeno-burguesa e viver de forma generosa e solidária. Quando alguém tinha um problema, era de todos. Quando alguém estava triste, logo um companheiro ia perguntar o motivo. Tudo que podíamos fazer pelo outro, fazíamos.
Onde erramos? Duas vaciladas fatais implodiram nossa comuna. Uma foi deixarmos a droga correr solta – LSD e maconha, principalmente, pois o propósito era abrirmos as portas da percepção, no dizer de Huxley. Isto, entretanto, trouxe à tona facetas da personalidade reprimida que o grupo não conseguia administrar. Acabaram ocorrendo conflitos, separações.
A outra foi recebermos de braços abertos todos os "pirados" que apareciam, vendo um amigo em cada pessoa que parecesse estar “fora do sistema”. Como sempre, apareceram os aproveitadores, os parasitas, os pequenos marginais. E a polícia veio atrás.
Mas, as experiências que vivenciamos foram tão intensas que aquele ano de 1972 valeu por uns cinco. Foi com imenso pesar que vimos aqueles laços se romperem, sendo obrigados a voltar, cada um por si, à luta inglória pela sobrevivência. É uma tortura ser obrigado a correr de novo atrás do ouro de tolo, quando não se tem mais aquela velha opinião formada sobre tudo...
Com algumas correções de rumo e numa conjuntura menos repressiva, as comunidades ainda poderão ser viabilizadas. Há que se tentar outra vez. Mesmo porque, como disse o Raul, "basta ser sincero e desejar profundo/ você será capaz de sacudir o mundo".
14.9.07
12.9.07
MAIS UM TRABALHADOR
Que maravilha não ser violentado pelo despertador! Abro os olhos como os fechei: pensando nela e feliz por ser um dia a menos que nos separa. Acordei disposto para aproveitar o tempo que restava antes do trabalho com as coisas a fazer anotadas no porta-recados da escrivaninha. Não escrevo esses lembretes só por lazer ou obrigação; creio que a memória deve ser visualmente estimulada. E se a manhã for de sol, fico mais disposto ainda.
O café da manhã não tem café, mas é na cama, de frente pra TV. Depois vem o banho, pois se eu tomar de madrugada, quando chego do trabalho, o risco de se resfriar é grande. Antes de sair, fecho o saquinho de lixo cheio e o coloco no latão do corredor, senão ele passa dias e dias em casa. Saio, vou combinar a faxina do apê com a mulher do zelador. Somos quatro no mesmo teto, mas tacitamente eu assumo sempre a tarefa. Não ligo, pelo contrário, pois uma limpeza freqüente é sempre conveniente, pelo menos na minha ótica, já que o tema não é consensual entre nós.
Tão básico como tirar dinheiro é passar no correio ou depositar uma carta social numa das tantas caixas de coleta nas calçadas. A carta social é de pessoa pra pessoa e custa 1 centavo há muitos anos, acredite. Fazer compras sozinho e a pé é um dos mais completos exercícios físicos: você anda na ida, roda lá dentro do supermercado e anda novamente na volta, carregando sacolas que testam a resistência dos braços e mãos.
Não gosto de me demorar muito entre as gôndolas, nem permito que a tentação consumista se manifeste. Na hora de pagar, em lembro saudoso da época de universitário, quando uma compra semanal de cerca de dez itens não ultrapassava 20 reais. Aliás, quem vê meu carrinho deve achar que não sou nada mais do que um estudante de república, um pouco mais saudável e menos alcoólico do que os convencionais.
Deixo as compras na cozinha e esquento o que sobrou do marmitex de ontem. Enquanto como, ligo a TV no jornal ou no esporte e o computador também, pra ver e-mails e notícias. Na volta à cozinha, preparo o lanche que vou levar, além da maçã, da banana, da barra de cereais e da Club Social (isso é que é invenção boa, bolachinha salgada na medida pra você transportar na bolsa!).
Umas dez pras três tô indo pegar o trem, pra poder chegar ao trampo por volta das quatro. Primeiro é o trem “caribenho”: abarrotado, gente humilde, crianças, sacolas, calor e lentidão – tanto pra passar na estação como pra se mover entre uma e outra. E sempre pintam os vendedores de badulaques e os pedintes, geralmente cegos ou desempregados. Quem os persegue são os agentes de segurança, os “urubus”, mas eles entram mais no trem “espanhol”, que por sua vez tem menos “infratores”. Esse outro vai menos cheio, com pessoas de melhores roupas e ar condicionado. Só porque percorre a marginal, onde estão grandes edifícios empresariais. Um absurdo!
Mais contraditório ainda, depois de ver favelas e outras submoradias sub-humanas, é a região onde desço do trem e fica meu trabalho: majoritariamente carros importados, lojas e restaurantes caríssimos e pessoas que vieram ao mundo para dar ordens e passear. Claro que o jornalista dentro de mim fica puto! Mas pô, quem num queria um vidão feito de viagens, curtições e desobrigações? Trabalho enobrece uma ova!, penso eu já perto de chegar ao meu. Ainda bem que eu vivo no mundo dos esportes, donde não saio nem quando tô de folga. Mesmo assim não parei de estudar, um pouco porque é legal mas principalmente porque o dia de amanhã, vai saber né...?
Falando em amanhã, só nos primeiros minutos do dia seguinte eu tô livre do trampo, ou seja, depois da meia-noite. Cansado, claro, mas satisfeito: amanhã dá pra dormir de novo! E amanhã vou voltar a correr, pra pegar ritmo pro dia 31 do 12, que preciso passar correndo! A firma me paga o táxi pra retornar pro apê, dado o adiantado da hora. De dentro dele, vejo o povo nos restaurantes chiquérrimos, dando risada porque não sabem o que é ficar em pé num trem lotado. Fico pensando: “Poxa, eles têm dinheiro, mas a minha vida é muito mais rica, eu sei o que é dar duro!”. Mas que deve ser bom vir ao mundo a passeio, ah, deve!
31.8.07
Pedreiro é flagrado transando com um muro
Renê Moreira / Cosmo On Line
Uma cena no mínimo muito estranha foi presenciada na madrugada desta sexta-feira por uma dona-de-casa de Franca. Ao ouvir um barulho no quintal de sua casa, levantou da cama e foi ver o que acontecia. Teve então uma tremenda surpresa ao se deparar com o vizinho, um pedreiro de 59 anos, transando com o muro.A cena deixou a mulher perplexa e de imediato ela acionou a polícia. Ela contou que o vizinho, A.G.M, estava com suas partes íntimas de fora penetrando um buraco no muro, sussurrando e acariciando a parede bastante áspera. O mais incrível é que levado ao plantão policial, o acusado confessou tudo e garantiu que estava arrependido.
Já a mulher contou que há tempos vinha desconfiando dos comportamentos estranhos do vizinho, que teria mexido com sua filha de apenas dez anos há poucos dias quando a mesma voltava de uma padaria. Entretanto, ela diz que não esperava nunca ter visto uma cena tão grotesca como a que presenciou no muro que divide sua casa com a do pedreiro, na rua Egídio de Castro Oliveira,
no Jardim Aeroporto.
O escrivão de polícia Rogério Primo contou que o acusado já esteve preso por atentado violento ao pudor. Dessa vez acabou indiciado por importunação ofensiva ao pudor e liberado algumas horas depois e, ao contrário do que se imagina, não apresentava sinais de qualquer tipo de distúrbio mental.
Antes de deixar a delegacia, durante o período em que permaneceu no local, o pedreiro ficou de "castigo" lendo um livro religioso sobre direitos humanos que fica plantão policial. E ao deixar o distrito garantiu ter aprendido muito com a obra. De todo modo será investigado pela polícia, que quer saber se ele não está envolvido em algum outro crime de ordem sexual registrado na região.
(É verdade, está em http://www.cosmo.com.br/brasilemundo/integra.asp?id=206513)
25.8.07
21.8.07
12.8.07
5.8.07
"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música;
Quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto;
Quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam o brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos...
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho;
Quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe...
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar;
Estejamos vivos, então!"
Pablo Neruda
23.7.07
A esses diletos, peço perdão pela ausência, que se deve à minha presença em http://ultimosegundo.ig.com.br/esportes/pan2007/ até o fim do mês. Quem passear por lá ganha uma balinha minha. Mas não procure meu nome, o troço é pouco pessoal.
Para não ser redundante sobre o Pan, do qual todo mundo fala alguma coisa, algumas conclusões pessoais:
1. Ouro para quem criou as camisas do Brasil do Guaraná Antártica no ano passado, na época da Copa, aquelas alusivas às seleções campeãs (58, 62, 70, 94 e 02)! Porque quem tem uma delas as vê constantemente na torcida brasileira presente no Rio em tempo de Pan, mais até do que as caras camisas oficiais da seleção e as caretas camisetas dos turistas. Tentei adquirir mais, mas só consegui duas no ano passado.
2. Odiamos ver os norte-americanos a cada 5 minutos no alto do pódio e os argentinos que cruzam nosso caminho, mas nosso maior adversário em esportes olímpicos chama-se Cuba. Os cubanos são encardidos, mais frios do que nós, nos provocam e, pra piorar o quadro, nosso país continental fica atrás da pequena ilha deles no quadro de medalhas. Morô?
3. Apesar do excesso de bronze, quartos lugares e últimas colocações, o desempenho geral do Brasil foi além do esperado. Se os esportes marginais que nos deram medalha - badminton, taekwondo, esqui aquático, remo, boliche, etc - fossem minimamente valorizados, teríamos todas as condições para sermos uma potência do calibre dos EUA. Em qualquer Pan.
4. Não contavam com a astúcia do clima. Chuva e ventos adiaram provas no remo, vela, tênis, softbol e beisebol e foram até apagar a coitada da pira, esquecida no Maracanã desde a abertura (embora o COB nunca assuma o fato, imperdoável e coisa típica do País da Piada Pronta). Não há organização que resista às vontades celestes, e olha que o Brasil não fez feio nesse sentido.
5. Sim, fazer um Pan numa cidade que vive com medo não tá certo, bem como gastar milhões a mais do que o necessário. Mas acho que temos mais vantagens do que desvantagens em abrigar uma competição dessas. O Pan traz turistas, grana, mídia pros esportes obscuros e deixa um legado material riquíssimo, pra cidade do Rio (as pessoas que morarão na Vila, por exemplo), e pras modalidades que terão onde treinar e jogar - se Deus e os dirigentes quiserem. Além de tudo, o Pan no Brasil gera empregos e alimenta jornalistas como este que vos escreve. Você ainda quer que eu meta o pau?
6. Andrea realizou meu sonho. Esclareço! Como goleiro semi-pré-amador, sempre me imaginei terminando um campeonato como goleiro invicto e "intacto" (sem ter levado gols) da seleção. E agora a arqueira da seleção feminina ralizou o feito no Pan! Tudo bem que, no sonho, eu recebia os maiores louros pela vitória e, na vida real, Andrea foi ofuscada por Marta, Cristiane, Daniela e cia. Mas sua marca é louvável! Depois do que as nossas futebolistas fizeram, torço para o ministro dos Esportes cumprir sua promessa o mais breve possível, criando uma liga de futebol feminino que não morra mais.
7. Beijar e morder a medalha já cansou. Alguém tem uma idéia melhor?
*dormir na pia = ser indiferente, não estar nem aí, estar cagando e andando, etc... (com a devida licença poética do meu irmão Eduardo 'Pitoresco' Sales)
26.6.07
Entrou a mãe com uma pequena no colo e outra já maiorzinha andando na frente. Eu já havia escutado aquele discurso no trem:
- Quero pedir a atenção de vocês. Tô com duas crianças e não tenho comida pra dar pra elas. O meu barraco tá sem gás. Peço uma ajuda pra poder passar no mercado mais tarde e comprar alguma comida.
Indiferente, a criança solta continuava pulando e fazendo graça para a de colo, que ria repetidamente. Só a mãe permanecia séria, empunhando o boné durante a caminhada pelo vagão.
- Muito obrigado, Deus abençoe.
A estação se aproximava, a mãe parou diante da porta. Com um pedaço de barbante na mão, a filha não deixava de ser criança.
- Mãe, tô brincando de pipa!
- Segura minha mão, cuidado com o buraco!
Desceram. Perdi-as da vista, mas não do pensamento. No cair da noite, o que pensará essa menina quando olhar pro céu? Verá as mesmas estrelas que eu? Algo além da escuridão?
- Mããe, tô com fome!
- Vê se dorme que isso passa...
2.6.07
Meu apê em SP fica perto da Uninove (Barra Funda), onde transitam milhares de universitários. Consequentemente, estruturou-se ao redor do enorme prédio um corredor de vendedores ambulantes de toda a espécie. Passando ali você encontrava o que comer (lanches, salgados, doces, frituras, cozidos e industrializados), beber (sucos, refri, cerveja, açaí, choconhaque e até água), vestir (agasalhos, camisetas, luvas, chapéus), usar (acessórios, bolsas, bijuterias), ouvir (CDs), ver (DVDs), alugar (trajes sociais) e piratear (softwares). Às quintas e sextas de noite, a festa não tinha hora pra acabar.
Mas há 2 semanas eu não vi mais nada disso. Ou melhor, vi fiscais da subprefeitura da Lapa, marcando posição, ao lado de guardas municipais. Estavam limpando o terreno, varrendo quem não paga impostos. Está certo, os ambulantes prejudicam o negócio dos comerciantes que trabalham legalmente. Não é legal.
E o que farão todos aqueles vendedores, até encontrarem outro ponto desprezado pela fiscalização? Como ganharão a vida? Que se virem? Está certo, o que podemos fazer? Mas não é nada legal...
27.4.07
4.4.07
Tá bom, estamos na era do conhecimento e ninguém vive sem informação, leitura e trabalho (a não ser os milionários, ganhadores de loterias e BBBs). Se você estuda e/ou trabalha no que gosta, com certeza encontra prazer nisso. Mas vai dizer que nunca desejou jogar uma segunda-feira pelos ares? Uma dica: quando puder, faça isso! Não sou o único a dizê-lo, veja...
LIBERDADE - Fernando Pessoa
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro pra ler
E não o fazer!
Ler é maçada.
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original,
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Estudar é uma coisa em que está indistinta.
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia de nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
16.3.07
1.3.07
Ninguém mais vai me perguntar como foi meu carnaval, mas eu ainda quero dizer! Foi excelente!! Porque não importa se você fica em casa ou acaba viajando. Não importa se vai à praia ou ao campo. Se faz o sol ou fecha o tempo.
Não importa se é desfile, marchinha ou baile. Ou se é qualquer coisa menos isso. Não importa se é axé, rock ou eletrônica. Nem se a vizinhança escuta funkão ou sertanejão.
Estando com quem você realmente ama, o resto é secundário. Isso é o que realmente importa! E EU AMO A ARIKA!!!
(Se você ainda não encontrou alguém que realmente ame, lembre-se de que só tem uma vida para procurar...)
* obs: "Ciao", em italiano, quer dizer tanto "oi" quanto "tchau"!
8.2.07
Sim, não há nada que me irrite tão freqüentemente do que ser dependente de várias chaves em um só dia. Cada porta tem de ter a sua. E você tem de ficar carregando pra lá e pra cá, além de sempre lembrar onde elas estão. Aí só pode usar uma das mãos quando vai sair ou entrar, porque a outra precisa da chave (quem vive carregando coisas pra cima e pra baixo, como eu, sabe o apuro que isso traz...). São elas que decidem onde vamos, ou melhor, se vamos mesmo. Quem nunca esqueceu ou perdeu uma chave?
Sonho com o dia em que não precisemos de chaves. Que cada um não precise se preocupar em trancar o que é seu, porque o outro não vai tentar abrir. Será que existe esse nível de respeito mútuo? Não sei, mas enquanto houver motivos para furtos nesse mundo, minha idéia nunca vingará.
Ok, ok... Então eu quero um mundo sem furtos!
26.1.07
Se uma imagem vale por mil palavras, uma imagem com um texto deve valer por um milhão...rsrs
Mas o protesto, além de original, faz muito sentido.
Se encarássemos os animais como nossos irmãos e as plantas como parte de nossa casa, ganharíamos muito mais em felicidade e qualidade de vida, coisas tão simples como os seres vivos despidos de ódio e indiferença... Né não?
20.1.07
Primeiro dia na praia. Turista branquelo de pavio curto, mas animado pelo início das férias de verão, recém-chegado à terra da alegria. Enfim, a praia!
- Nossa, que ventania (segura o boné na cabeça, com a mão). Onde é que eu vou ficar, tá chapado de gente! (o boné sai voando pela areia). Merda!
- Bom dia, patrão. Posso pegar uma mesa?
- Ah sim, por favor (o garçom se afasta). Patrão... Você acha que eu ia contratar alguém com um cabelo desses??
Mesa de frente para o mar.
- Tá bom aqui, patrão?
- Sim sim, ótimo.
- Uma cervejinha pra começar? Aperitivo, casquinha de siri, um peixinho?
- Só uma cervejinha, tá?
- Perfeito patrão!
...
- Finalmente sossego... Eu e o mar!
- Queijo assado, vamo aê? Água, refri e skol! Olha o coco! Milho verde! Sorvete geladinho! Espetinho de camarão! Peixe frito! Sanduíche natural! Salada de fruta! Salgadinho! Amendoim torrado, castanha do pará! Caranguejo! Tapioca, cocada e cuscuz! É a empada divina! Empadinha maravilhosa, vai uma senhor??
- Não, não... Obrigado (repetidos 19 vezes). Haja saco...
...
Sol a pino. Mormaço abafando. Difícil procurar uma sombra. Difícil manter o sorriso.
- Tatuagem de henna! Vamo fazê uma no braço?
- Não, não... Obrigado.
- Dá pra fazer nas costas, na perna. Tem tribal, dragão, várias figuras, é só escolher.
- Hoje não.
- Por que não, homi??
- Não tenho mais idade para isso. Nem pele, olha a minha cor!
- Com uma dessas você vai ficar negão em 2 dias!
- Obrigado, fica pruma próxima (o cara desiste). Ficar negão... Esse aí enlouqueceu...
...
Mais vento. O guarda-sol titubeia. Mas não há para onde ir. Música baiana bem alta. Mas ele esqueceu seu iPod com 512 exemplos de rock.
- Bosta, viu... Só falta essa p... voar!
Dito e feito (Murphy always wins). Pelo menos os ambulantes deram uma trégua. Deram?
- Chapéu de praia! Canga e saída! Rede! Tererê no cabelo! Colares, pulseiras e brincos indígenas! Camiseta, 1 por 5, 3 por 10! Óculos de sol! Show do Harmonia do Samba! Passeio de escuna! Banana Boat! CD e DVD: O melhor da Bahia!
- Não, não... (11 vezes)
...
Aproxima-se um desafortunado com um ramo artesanal de alhos.
- Vai aí, chefia?
- Não, não.
- Esse é do bom, 5 anos de garantia!
- Não quero, obrigado.
- Com um desses a sogra vai embora em 24 horas. Com 3 atrás da porta, vai em 12 horas!
- Obrigado, sou solteiro, não preciso!
- Tá certo, boa tarde.
...
- Será que minha cara não deixa claro que não quero nenhuma dessas porcarias? Não é possível...
- Ostra com limão, uma delícia, vamo prová?
- Não, não...
- A primeira é grátis, tá na mão! (oferecendo)
- Obrigado mesmo... (recusando)
- Sem compromisso. Se não der negócio, dá amizade.
- ...
- Fica 2 por 3 reais, beleza?
Vira o rosto para esconder a fúria. Adianta. O cara vaza em silêncio.
...
- É o sândalo! Muda de orquídea! Avião de isopor! Bicicletinha de arame! Chimbiquinha (calhambeque) de lata! Peixe de madeira (que mexe o rabo)! Artesanato indígena! Porta-aperitivos, cocares e mais penas! Foto na revista! Foto indígena!
- Não! (vezes 10). Deus, o que me falta aparecer??
Várias casinhas de passarinho, feitas de tronco, surgem em sua frente.
- Olha o trabalho do baiano, o único da Bahia!
- Minha filha, moro em apartamento e odeio aves. Muito obrigado e passar bem!
...
No segundo dia na praia, preferiu matar pernilongos no quarto do hotel...
*O autor nada tem contra os ambulantes baianos. Embora fictício, o turista é extremamente verossímil, dada a veracidade dos diálogos e personagens supracitados.