29.4.13

Imagem não é tudo



Outro dia, no busão, sentou-se do meu lado uma moça com uma bíblia de capa mais colorida e textual do que as convencionais, o que me chamou a atenção (palavras à vista sempre me atraem).

Minha espiada identificou poucas informações, mas entre elas estava o nome Silas Malafaia, dado que me fez alterar a impressão inicial sobre a garota. De uma certa admiração pela nobreza do livro portado, senti um quê de repulsa pela associação que realizei do pastor com expressões lastimáveis, como preconceito e intolerância com determinados grupos sociais.

Aí depois refleti e me fiz duas perguntas: alguém que abre uma bíblia necessariamente é digno de admiração só por isso? Todos os leitores de qualquer texto de Silas Malafaia merecem o mesmo tipo de consideração que nutro pelo líder religioso?

Resposta fácil e comum aos dois casos: não. O texto bíblico é carregado de simbolismos, metáforas, colocações que permitem mais de uma interpretação. Ensina o caminho do amor, mas se absorvido literal ou tortamente por um fruidor intolerante pode transformar o bom em mau semeador.

De mesma forma, suponho que um pastor de prestígio, ao se colocar como multiplicador dos ensinamentos divinos, deve ter, entre as dezenas de discursos direcionados ao pastorado, aqueles que estimulem suas ovelhas a praticar o bem e fazer a diferença positivamente entre os seus e na sociedade (sejam a maioria ou a minoria deles).

A primeira impressão e a imagem mais recorrente nem sempre dão conta do que a pessoa é, não é?

7.4.13

Dia do Jornalista (se é Feliz, já não dá pra garantir...)

Hoje se comemora o Dia do Jornalista, mas minha profissão não tem tido muito o que comemorar. Que se rala muito pra pouca valorização em troca não é novidade, o maior problema tem sido as crises financeiras enfrentadas por vários veículos de comunicação (sobretudo jornais impressos), provocando os temíveis passaralhos, que é como chamamos as demissões coletivas na imprensa.

E assim cada vez mais os jornalistas buscam as assessorias de imprensa, as comunicações corporativas, a produção de conteúdo customizado, todas essas formas de se praticar um jornalismo parcial, porque parece que o integral que renda o que precisamos para sobreviver está cada vez mais raro...

Mesmo não fazendo jornalismo integral já por algum tempo, nunca deixei de ser jornalista, faz parte da personalidade. A antena ligada e o interesse por consumir notícias não mudam nem diminuem, esteja eu trabalhando em redação ou longe dela.

Enquanto 90% dos fones de ouvido dos paulistanos em locais públicos devem ouvir música, via rádio ou arquivos de áudio, os meus estão quase sempre nos programas de notícias ou comentários. De manhã em uma emissora, na hora do almoço em outra, ao voltar do trabalho para casa numa terceira. Até a cabeça cansar de tanta informação. Aí faço pausa pro descanso e, ao despertar no dia seguinte, já é hora de ligar a antena...