19.12.11


BARCELONA 4, SANTOS 0, FUTEBOL 10

Como santista, eu podia querer distância dos meios de comunicação um dia depois do "massacre de Yokohama". Mas fiquei atrás de cada manchete, cada chamada, cada comentário, cada análise.

Porque não foi um banho de água fria qualquer que acontece de vez em quando no futebol. Foi emblemático, visível até pra quem pouco acompanha o esporte, gritando que há um jeito diferente e especial de vencer dando espetáculo.

Extrapolam lições, aprendizados, conclusões ou mesmo teses. E como antes de ser santista eu sou admirador de futebol, não quero ignorar o que se tem falado do Barça, de como jogar tal qual o Barça, dos adversários do Barça, de como tentar parar o Barça...

Quem gosta mesmo desse esporte apaixonante acaba como eu, seduzido por uma equipe (e-qui-pe) que vence colocando o talento a serviço do jogo coletivo, afinal se trata justamente de uma modalidade coletiva na qual ninguém ganha ou perde sozinho.

Viva o Barcelona mas, principalmente e felizmente pra nós aficcionados, viva o futebol!

(PS: Quando o Santos de 2010 também ganhou encantando a quem o via jogar, postei a respeito na mesma linha de que o maior beneficiado era o futebol, graças a Deus)

7.12.11

FACEBOOK + TWITTER >> BLOG

É, as novas redes sociais são mais ágeis, diversificadas e convidativas para publicar e comentar do que os (jurássicos?) blogs.

Então pra ver, acompanhar, comentar e/ou cornetar o que escrevo, indico mais meu twitter (obrunopessa) e meu facebook (Bruno Pessa) do que este espaço, dedicado a postagens mais específicas e atualizações menos periódicas.

Lembrando que pra ser amigo no face vc tem que ser meu conhecido, nem que seja de algum espaço do território virtual. Então se for me adicionar, se apresente!

12.10.11

DESVENDADO NO BALCÃO


Ainda revelo fotos. Não na mesma quantidade que as câmeras digitais me fornecem, mas não abro mão de ter em papel as mais significativas. Significa sim, pra mim, não ter que apertar botões e clicar em telas para apreciar os grandes momentos da vida.


Por ter comprado uma câmera recentemente, a loja me presenteou com 120 fotografias a serem reveladas gratuitamente, necessariamente em 6 pacotes mensais com 20 cada um. Ótimo, economizo um gasto que teria mesmo, porque geralmente espero o ano acabar, seleciono as principais do período e revelo.
Cheguei à loja com as primeiras 20 fotos separadas, a fim de começar a gozar meu bônus. A atendente pegou o pen-drive e o acoplou num computador no balcão, entre ela e eu. Arquivos PESSOAIS são coisas que você prefere que pessoas estranhas não vejam (dizem respeito apenas à sua PESSOA), então nessas ocasiões eu torço pra(o) atendente fazer o serviço logo e me devolver o pen. Sendo fotos, o desejo de privacidade é ainda maior por motivos lógicos, independentemente dos micos passíveis de descobrimento em parte delas.


Falei pra moça qual era a pasta, ela abriu as imagens, tudo funcionou, legal. Até ela dizer que ia editar tamanho e resolução de cada uma das 20 fotos. Então tá... Por mais que eu me sentisse demasiadamente invadido em minha privacidade visual, fazia todo sentido que a atendente fizesse o serviço correto pra que eu tivesse um produto final de qualidade. Óbvio. Mas o incômodo tomou conta de mim mesmo assim, porque nem os mais próximos tinham visto todos os principais flashes da minha vida em 2010, e agora a fulana de tal da loja de fotografia analisava cada uma delas com lentes acuradas!


Aquela foto com os chefes que meus pais não conhecem, a atendente viu. Aquela viagem com a esposa, em paisagens que não mostramos a ninguém, ela conheceu. A reunião entre amigos, a torcida no futebol e outros momentos com os mais chegados, a fulana sabe. O parabéns com a família, a praia com a família, fim de ano com a família, esses eventos só pra família, sabe? Ela também.


Vida revelada que segue, até o próximo cliente ocupar a memória da atendente com seus flashes, devolvendo à minha privacidade os meus...

8.9.11

MEU NOVO CLUBE


Aprazíveis, é com glória que informo a publicação de meu primeiro livro individual. Não por uma editora tradicional (ainda), mas pelo Clube de Autores, que permite a qualquer escriba anônimo sentir o gostinho de virar autor de livro impresso, pois funciona sob demanda (só se imprime o que se compra).


Meu primeiro filho desta linhagem, "Jornalismo literário a serviço da imprensa alternativa", está neste link (sinopse, como adquirir e outras informações), e a capa está abaixo. Para os sagazes, digo que sim, é uma adaptação da dissertação que me tornou mestre em Comunicação Social meses atrás, como já postado neste peculiar espaço.


Peço-vos que divulguem o link por aí afora, e indico aos debutantes na escrita que participem também publicando vossas produções de quaisquer estirpes! Aliás, já tô com ideia e rascunho de um livro que, se após oferecimento às editoras permanecer órfão, deve ser abrigado pelo maternal Clube...


8.8.11

REABASTECIMENTO ESPIRITUAL

Ontem fui com a esposa novamente à Mahikari para nosso "reabastecimento espiritual". Gostaríamos de frequentar mais e participar de mais atividades, mas pelo menos não estamos afastados, conseguindo voltar de tempos em tempos.

Gostaríamos também que mais pessoas pudessem conhecer essa arte baseada na transmissão da luz divina, por meio da imposição da mão, que nos purifica e eleva espiritualmente. Parece, mas não é uma religião, nem te impede de seguir e frequentar outras formas de fé se tu quiseres.




Quem se interessar, me peça uma revista mensal ou os endereços das sedes espalhadas pelo mundo afora pra fazer uma visita. Se estiver perto, pode me pedir para receber a luz pela imposição da mão, algo que posso fazer por ter me preparado para tal. Será um grande prazer!


Bruno Pessa é kamikumite desde julho de 2009


4.7.11

AGORA TRABALHO no relacionamento entre a imprensa e o

16.6.11

Gosto pacas deste texto-desabafo, produzido sobre o "ter que trabalhar" após dias e dias no busão a caminho do... trabalho! Resulta de uma reflexão que me parece definitiva, gritando em mim por mais depressiva que pareça. Me diga o que acha, pode ser?

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DIAS PERDIDOS NO SEMI-ABERTO

Hoje eu poderia conhecer um lugar, experimentar novas sensações, ver como está o mar, adicionar outras impressões. Mas não posso, tenho que trabalhar.

Hoje eu queria me permitir amar, não saindo do lado dela. Não ver a hora passar, tratá-la como cinderela. Mas não podemos, temos que trabalhar.

Hoje eu gostaria de rever os amigos, dar risada até doer, falar pelos ouvidos e brindar sem saber. Mas não posso, tenho que trabalhar e os amigos também.

Hoje bem que eu podia me cuidar, andar, correr e transpirar. Testar a resistência até cair, depois cair na cama até dormir. Mas não posso.

Bem que eu podia curtir o parque só pra relaxar, um livro no gramado, céu meio nublado, pensamentos convidados. Não posso.

Tirar o dia pra caridade, exercitar a bondade, levar um sorriso a quem é preciso. Não.

Eu podia deixar a chuva lá fora e me entocar aqui dentro. Fazer do lar a fortaleza, respeitar a moleza, recusar a dureza de um dia moldado pra não tocar no cadeado. Poderia? Não.

Alguém questiona: Mas existe dia certo para tudo. Já ouviu falar em sábado e domingo? Ou feriados?

Dia certo não, dias que sobram, né? Quer que eu me contente com 2 dias de liberdade e 5 de prisão em regime semi-aberto, de cada pacote de 7 chamado semana? Que eu espere o calendário ser bonzinho e conceder uma emenda de feriado de vez em quando?

A matemática não mente, embora a abstraiamos cotidianamente. Mais de 70% do nosso tempo é perdido com o cumprimento do semi-aberto. Trabalhar é estar preso, não importa se o labor gera mais alegria ou mais dor, sofrimento ou valor, receio ou destemor.

Alguém rebate: Peraí, como sobreviver sem trabalhar? Quer apenas vadiar? Como vai se sustentar?

A proposta soa indecorosa. Mas qual a maior proposta, no período de tempo que chamamos de nossa vida, senão a busca da felicidade? E como atingi-la plenamente sem plena liberdade?

Por que precisa ser assim, perder dias, meses e anos porque precisamos de dinheiro? Faz sentido precisar de dinheiro?

Alguém conclui: então os milionários têm tudo para serem plenamente felizes, pois o dinheiro os liberta.

Liberta? Liberta ou aprisiona tanto quanto o trabalho, por ser indispensável pra quem paga e pra quem recebe?

Eu sonho poder dispensar o indispensável do dinheiro e o indispensável do trabalho, assim como suas grades correlatas. Enquanto isso, perco meus dias na prisão semi-aberta.

Tempo é dinheiro? Pobre do tempo...

(Bruno Pessa, pessimista e pessoal)

11.6.11

Concluída a entrega da versão final da capa dura da dissertação em azul royal e letras douradas (refinado, o negócio...), eis os agradecimentos que constaram no trabalho e merecem que se tornem públicos. Obrigado...

A Sandra Reimão, primeira orientadora, pelo abrigo e passos iniciais.

A Cicília Peruzzo, orientadora definitiva, pela flexibilidade e compreensão desmedidas.

Aos responsáveis pela concessão da bolsa de estudos Capes flexibilizada na Umesp.

À biblioteca do campus Rudge Ramos da Umesp, pelo acesso às edições do jornal Brasil de Fato.

Aos meus dedicados pais, pelos enormes investimentos afetivo e material

A Arianne Pessa, mais do que companheira.

A minha irmã Lisandra, familiares, amigos e demais fontes de apoio, auxílio e vibrações positivas.

A Deus, por tudo que escapa à capacidade humana.

24.5.11

Meu texto abaixo foi publicado no interessantíssimo 3Meia5, blog que vale a visita e sobretudo a colaboração...

1º/5/11: BOTA TRABALHO NISSO!

É dia do trabalho, dia de trabalho. De domingo? É. Você não é a média da população, é jornalista esportivo. Em dia de plantão, bora pra redação.

Dia do trabalho não, dia do trabalhador. Dia de luta. A primeira luta é clara: sair do apê nesse dia escuro, frio e chuvoso, no qual tudo de gostoso passa longe do plantão de domingão, a começar pelo amor que sou obrigado a deixar...

Enquanto a maioria dos trabalhadores goza o merecido descanso do seu dia, o jornalista esportivo luta. Ainda mais num domingo, quanto tudo que existe na face da competição de segunda a sábado se acumula nas costas desta e d'outras mulas. Consegui, no entanto, um almoço em família. Marcado, porém cronometrado.

Quatro da tarde não é tarde: só começa. PC, rádio, TV, tudo ligado, monitorado. Janelas muitas. Lá fora? Nem sei, são as janelas do PC. Meu horizonte é quadrado, atualizado num segundo. Mundo digital, universo particular. Que consome e o lombo come. Levantar um pouco, dá? É intervalo, corro lá.

Tão logo o futebol acaba, tudo desaba. Avalanche, sem parada pra lanche. Clica, clica... clica. Espera. Clica de novo. Não funciona, a home não sobe. Escreve, bate no teclado, apaga. Copia e cola, bastante. Não que não pense. Mas tem que pensar-agindo, e agir-agilizando. Nem sempre funciona. Suporte, alô alô. Suportai, Bruno, o cansaço que vem insuportável.

Claro, 14 dias sem pausar o pancadão. Mole não. Dá nem pra pensar, né? Também, não dá tempo. Aliás, que horas são? Quase meia-noite, quase segunda. Olha o domingão do plantão, que não passa na sua televisão, engolindo a pobre da segunda. Coitada. E você ainda reclama das segundas-feiras! Viva um domingo de jornalista esportivo pra entender: suas segundas serão muito, mas muito mais leves. Ou melhor, não viva. Dá muito trabalho...

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Bruno Pessa, 29 anos no cair de maio, ama esportes mas procura não se esquecer da vida fora dele. Muito bem casado e tratado pela família, tece planos acadêmicos pós-mestrado. Metas mais modestas podem ser desvendadas no Twitter (@obrunopessa) e outros cantos...

20.4.11

AGORA ME CHAME ASSIM:

31.3.11

Li e recomendo: O Ano do Pensamento Mágico, Joan Didion

Relatos, lembranças, reflexões e divagações de uma escritora no período de um ano depois da morte do marido, também escritor, após mais de 40 anos de casamento. Triste, claro, mas muito revelador do impacto da perda de um ente querido por um ser humano. Para quem leva esse fator em conta, quando lançado no Brasil, em 2006, o livro chegou a ocupar o topo do ranking de livros de não-ficção mais vendidos do país.

26.3.11

LEI DA CONDENAÇÃO PLANTONÍSTICA (LCP)

Artigo 1º e único - Em todos os finais de semana e feriados em que você trabalhar haverá eventos dos quais você terá vontade de participar ou para os quais você será convidado, mas não poderá ir.

Revogam-se as disposições em contrário.

Atesto e dou fé.

Cumpra-se!

16.3.11

#DISSERTACAOFEELINGS Já devo ter dito por aqui do peso enorme que representava a conciliação da vida laboral no jornalismo esportivo (onde dias da semana = 25% dos fins de semana = 50% dos feriados, às vezes consecutivos) com um curso de mestrado. Pois desde a virada de fevereiro para março estou sensivelmente mais leve: acabei, imprimi, copiei e "depositei" a dissertação na universidade. A mente e o corpo agradecem! A propósito, a defesa será em 19/4 lá na Metô. O goleiro aqui conta com sua torcida!

12.3.11

CHECK-UP: NUNCA É CEDO...

Tempos atrás, passar por uma bateria de exames periódicos para ver se a saúde estava OK era algo para senhores e senhoras na casa dos 50 anos em diante. Mais recentemente, virou prática comum já a partir dos 40. Hoje em dia (mais precisamente em janeiro), este que escreve, perto da casa dos 30, fez seu primeiro check-up de uma série que, prometo, deve ser periódica - anual para exame de sangue e bienal para os demais (ecocardiograma, eletrocardiograma, ultrassom...).

Não que eu me adoecesse de forma preocupante, pois continuo sendo um poço de saúde - porque não descuido de descanso e alimentação, sobretudo. Mas nunca custa prevenir, ainda mais vivendo em uma cidade onde o estresse é parte do dia a dia. Aliás, sempre se deve prevenir quando o assunto é saúde. Vê se não deixa de se checar pra muito tarde!

25.1.11

NIVER DA VÉIA

Cá estou em mais um aniversário de São Paulo (a quem eu gosto de me referir como "Ah, Pablito!"), 457 recém-passados. Gostaria de me juntar aos que a louvam, mas não consigo. Mesmo assim, indico e reproduzo abaixo o texto da jornalista e paulistana Marli Gonçalves sobre a efeméride deste 25 de janeiro. Mas não deixo de colocar abaixo, também, o que eu respondi a ela, por email, quando recebi e li seu relato.

São Paulo, Ailoviiú (por Marli Gonçalves)

"Peço desculpas de antemão. Terá de ser um pouco maior, tão grande quanto a cidade que homenageia. Feche os olhos. Imagine São Paulo. Vou tentar narrá-la. Ou descrevê-la como fazíamos em nossa infância, na frente de desenhos importados e mal impressos. Aqui está tudo em nossa própria carne. Impressões digitais e na íris, nome de uma flor que você vê, andando por ela.


Vejo coisas malucas que só por aqui. Vi uma fila de motoboys, pizzas na mão, em frente a um prédio só, em dia de chuva. Vejo policiais de bicicleta, de moto, de viaturas, de helicópteros. E descalços, ao mesmo tempo, com seus salários de fome. Uma fome que alimenta a violência. Vejo até guardas florestais com imponentes Lands Rover. São Paulo tem áreas florestais, sabia?

Na chuva, enchentes. Na seca, narizes sangrando e muito coff-coff-coff. O asfalto queima as patinhas dos cães, muitos, vira-latas ou de madames, mas aqui algumas delas põem sapatinhos em seus bichinhos. Cavalos puxam homens e carroças. Carroças são puxadas por homens e cavalos. Às vezes homens puxam cavalos e carroças. Algumas, apenas o cavalo solto nas estradas, perigo da noite.

Gente que tem muito. E gente que não tem nada. Nem a perder. Nada. E achados e perdidos, que essa cidade tem.

Tem trânsito, tem calmaria (mas só quando a deixam, fugidos, nos feriados). Tem flores de todos os tipos, árvores coloridas. Mas você precisa olhar para elas. Os ipês, mancas, quaresmeiras, as azáleas, os lírios e as palmas. As íris, quase violetas.

Aqui já vi, vejo e verei mendigos poliglotas. Loucas elegantes que fazem uso à sua moda do que ganham, acham nas latas, caçambas da vida. Nas caçambas dos Jardins acha-se de tudo: estolas, quadros, móveis. Eu já vi e catei. Brinquedos. Não entendo por que quem joga não é capaz de juntá-los para oferecer e ganhar na troca o olhar lindo de uma criança. É São Paulo.

Já vi até dentro de carrinhos de bebê. Aqui tem gente que anda nas ruas com cães, gatos, papagaios, cacatuas, e até porcos e coelhos. Minha mãe teve dois galos. Que cantavam nos Jardins.

Ah, barulho tem toda hora. Agora. De noite e de dia. Psiu? Cadê você, Psiu? Sempre em construção. Ou carros e motos acelerando. Ônibus lotados subindo ladeiras, que aqui têm muitas. E os bêbados da noite, em carros de todo o tipo. Ou nas calçadas. Mas as bêbadas são piores, com suas vozes finas, gritantes e lamuriantes.

Nos céus, aviões, jatinhos e helicópteros. Quase Jetsons, não fossem os balões pipocantes que de vez em quando um ser irresponsável solta por aí. Uóóóómmm. As sirenas das ambulâncias, dos policiais, dos bombeiros, do resgate. E dos idiotas que agora inventaram e usam uma corneta com esse som.

São Paulo: seus parques e praças são poucos. Suas áreas de risco, muitas. Sua periferia, cinza. Suas favelas, até isso, sem graça, sem samba, sem cor.

Mas aqui tem para todo o mundo. Para ateus, agnósticos e etcs. E todas as religiões. Dos rabichos dos Hare Khrishnas, aos dreads dos rastas. Os cachinhos dos judeus ortodoxos, com seus chapelões de pelo. As sandálias dos franciscanos. Os pesados hábitos das carmelitas. O moderno dos Padres Rossi e amigos. As saias "colunas" das evangélicas tradicionais e os terninhos dos pastores. As cabeças cobertas das muçulmanas. Centros de cabala, Kaballah, centros de espiritismo. Mesa branca, umbanda, candomblé, magias de todo o tipo. Até feiras de cartomantes há! Aqui até fachada de templo evangélico gigante parece fachada de centro gay, toda em arco-íris. Verdade!

Ciganas lêem suas mãos. Malabaristas passam bolas de cristal pelos braços. Comem fogo e espadas. Jogam Três Marias para cima. Os meninos pobres tentam fazer o mesmo. Ou pegam rodinhos e paninhos sujos para limpar o seu pára-brisa.

Aqui em São Paulo tem rua de tudo. De madeira, noivas, móveis, decoração, roupas, panelas, ferragens de porta, de equipamentos musicais. Agora há também ruas, muitas, tomadas por hordas de viciados em crack. E os nomes das suas ruas, São Paulo, nem conto! Queria morar na Rua das Estrelas Fugazes, se houver.

A noite de São Paulo pode ser paga. Ou gratuita, se for só para olhar. Suas manhãs são agitadas. Tem quem vem de longe. Tem quem vá para longe. Ida e volta. Diariamente.

Agora, mas só agora - não acontecia isso antes, acredite - vemos gente de shorts e chinelos nas ruas. Mas ainda não vemos as mulheres de biquíni nas praças que tem quem queira, não queira, não goste. Não possa. Ah! As avenidas são como rios cortantes para se transpor. Às vezes a nado. Rezando, os pedestres. Represas, rios e riachos. Córregos borbulhantes e vazantes. Efervescentes, na cidade, tais quais toda sua gente: contorcionistas, voyeurs e exibicionistas, antropofágicos, simpatizantes até de tudo muito aquilo para o lado direito.

A arte está nas ruas, em grafites, adesivos, carimbos. Em cada um por todos. Todos por um. Além de igrejas, templos e bibocas, há restaurantes para todos os gostos e nacionalidades, desejos, gostos, bolsos. Agora até em motos nas ruas, comida. Em São Paulo, cachorro-frito já acharam, com gato no churrasco, cavalos no aperitivo. Aqui se vende bem caro até espuma, novidade gastronômica. Chame diferente: iogurte vira frozen; molhos viram nomes extraordinários.

São Paulo fala todas as línguas, sotaques, dialetos, gírias. Com r, s, ou estalados nos dentes, no céu da boca. O rrrrr comprido dos caipiras, que aqui habitam e mantêm o clima, o charme do sotaque, "sutaque", uai, tchê, guri, guria, painho, mainha. Óxente, cabra da peste!

24 horas aqui tem pães, sexo, sex-shop, pet-shop, materiais de construção, mercados até hiper, massas e carnes, sopas e álcool, nos postos, convenientes, junto com a gasolina. São Paulo, frenética, violenta, caridosa, e ruidosa. Esburacada e recapeada. Antiga e antigamente, caindo aos pedaços, indo ao chão e erguendo-se, do nada, inteligentes e inacessíveis. Arranha o céu!

Além de especialidades médicas, doenças e males estranhos. Antenas, muitas. E antenados. Interferências, todas, e gente desplugada, perdida, michêse michados. Apagões aqui e ali. Até de inteligência. Rua que é estrada, avenida que é rua.

Aqui tem festa suingueira, festa fechada, festa aberta. Fetiches, Sado e Masô. E ainda os sertanejos dos fuscas tunados. Há os meninos e as meninas, em seus clubes dos bolinhas e luluzinhas. No Arouche tem footing gay nas tardes de domingo. Na Augusta em que nasci e vivi, tem todo dia, toda hora. Augusta dos 60, dos 70, dos 80, dos 90, dos cem em diante. 120 por hora.

São Paulo: sua bandeira e a do Brasil tremulam orgulhosas. Você é preta, vermelha, branca. E verde e amarela. Aqui se vê de tudo e se faz muito pouco do que dá. Cada vila, bairro, uma cidade, uma ciranda. Milhões de histórias para contar. Feliz Aniversário, minha véia!"

Respondi assim para ela:

Ótimo texto, muito bem escrito. Mas continuo achando SP inviável e com um futuro desanimador. Não cabe mais tanta gente e carros, e mesmo assim seguem crescendo as pessoas e os automóveis da cidade que não pode parar, mas para cada vez mais. Sem falar das pequenas e grandes desgraças que qualquer chuva normal de verão traz...

Agora te pergunto: né não?