12.10.11

DESVENDADO NO BALCÃO


Ainda revelo fotos. Não na mesma quantidade que as câmeras digitais me fornecem, mas não abro mão de ter em papel as mais significativas. Significa sim, pra mim, não ter que apertar botões e clicar em telas para apreciar os grandes momentos da vida.


Por ter comprado uma câmera recentemente, a loja me presenteou com 120 fotografias a serem reveladas gratuitamente, necessariamente em 6 pacotes mensais com 20 cada um. Ótimo, economizo um gasto que teria mesmo, porque geralmente espero o ano acabar, seleciono as principais do período e revelo.
Cheguei à loja com as primeiras 20 fotos separadas, a fim de começar a gozar meu bônus. A atendente pegou o pen-drive e o acoplou num computador no balcão, entre ela e eu. Arquivos PESSOAIS são coisas que você prefere que pessoas estranhas não vejam (dizem respeito apenas à sua PESSOA), então nessas ocasiões eu torço pra(o) atendente fazer o serviço logo e me devolver o pen. Sendo fotos, o desejo de privacidade é ainda maior por motivos lógicos, independentemente dos micos passíveis de descobrimento em parte delas.


Falei pra moça qual era a pasta, ela abriu as imagens, tudo funcionou, legal. Até ela dizer que ia editar tamanho e resolução de cada uma das 20 fotos. Então tá... Por mais que eu me sentisse demasiadamente invadido em minha privacidade visual, fazia todo sentido que a atendente fizesse o serviço correto pra que eu tivesse um produto final de qualidade. Óbvio. Mas o incômodo tomou conta de mim mesmo assim, porque nem os mais próximos tinham visto todos os principais flashes da minha vida em 2010, e agora a fulana de tal da loja de fotografia analisava cada uma delas com lentes acuradas!


Aquela foto com os chefes que meus pais não conhecem, a atendente viu. Aquela viagem com a esposa, em paisagens que não mostramos a ninguém, ela conheceu. A reunião entre amigos, a torcida no futebol e outros momentos com os mais chegados, a fulana sabe. O parabéns com a família, a praia com a família, fim de ano com a família, esses eventos só pra família, sabe? Ela também.


Vida revelada que segue, até o próximo cliente ocupar a memória da atendente com seus flashes, devolvendo à minha privacidade os meus...

2 comentários:

Rafael Caetano disse...

Cara, me sinto da mesma forma quando levo fotografias para revelar! É uma apreensão só. Como é raro fazer isso hoje em dia, esses momentos tensos são idem. Parabéns pelo texto, continue! Abraço!

Bruno Pessa disse...

Grato pelo elogio e a visita, irmão :)