Você já entrou num coletivo e viu uma pessoa chorando timidamente, procurando não fazer barulho, por uma dor que tá na cara que vem de dentro, a ponto de superar a vergonha de chorar em público, diante de um monte de gente estranha?
Pode acontecer qualquer dia. Acontece mesmo.
Noutro dia vi uma moça em pranto incontido assim, celular na mão, digitando sabe-se lá o quê, para quem, para quê... Jeitão de amor partido.
Me deu vontade de poder consolar, tentar uma palavra que reconfortasse, ao menos distraísse. Não porque era mulher, podia ser homem que a reação seria parecida. Basta ser um pouco humano pra entender.
Mas é claro que fiquei quieto. E virei o rosto, respeitando a "privacidade" dela. Nunca falei com a pessoa, vou chegar dando conselho? Ela querendo esconder o pranto, eu vou desvelá-lo?
Fiquei nessa, impotente. Como vou me sentir da próxima vez. Ou próximas.
É uma situação que me traz à mente essa música a seguir da Carly Simon, It happens everyday. É triste mas verdadeira e de uma melodia que gosto de entoar. Não porque sou triste. É que gosto de realidade. E também das velhas. Das velhas canções.
It Happens Everyday (Carly Simon, 1983)
It happens everyday
Two lovers with the best intentions to stay
Together they the decide to separate
Just how it happens
Neither is certain
But it happens everyday
It happens everyday
After you break up
You say these words to your friends:
"How could I have loved that boy?
He was so bad to me in the end"
Well, you make him a liar
Turn him into a robber
Well, it happens everyday
But I don't regret that I loved you
How I loved you I will never forget
And in time I'll look back and remember
The boy that I knew when we first met
Still it happens everyday
Two lovers turn and twist their love into hate
But am I so different
From those young girls you used to date?
You used to adore me
You used to adore me
Still it happens everyday
10.11.14
Olhar crônico: Impotência
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