10.2.10

Um exemplo real explica bem porque considero o jornalismo literário o que há de melhor no jornalismo. Veja:

Excelente o caderno especial que o "Estadão" publicou no dia do aniversário de SP, 25 de janeiro. Para homenagear a cidade, coloca em primeiro plano 25 personagens dela. Todas as pessoas retratadas em pequenos perfis possuem ligação explícita com pelo menos a que a segue nas páginas do jornal. É bem bolado e verossímil, afinal todos nós paulistanos nos conectamos de uma forma ou de outra, a começar pelos locais (sempre muito habitados) que frequentamos. E o que seria de uma cidade, grande ou pequena, sem os habitantes que lhe dão vida?

O caderno está na minha mochila "de trabalho", para eu ir lendo no trajeto diário do ônibus. Não importa quantas histórias eu consiga ler por dia, nem quanto tempo levarei para "traçar" todas as páginas. Não tenho pressa, afinal tudo que é bom a gente quer prolongar ao máximo - e ler sobre pessoas como a gente é prazeroso, estimula a consciência e a imaginação.

Jornalismo bom de verdade não tem prazo de validade, não caduca no dia seguinte, não morre no esquecimento. Jornalismo bom de verdade está sempre centrado em sujeitos, não em fatos. Os fatos são importantes, claro, mas sem os sujeitos, nada nesse mundo tem vida e valor - nem mesmo os fatos.

Colocar as pessoas em primeiro plano no jornalismo é humanizar. E humanização é um dos principais pilares do jornalismo literário, jornalismo bom de verdade, com qualidade no texto e gosto saboroso na leitura.

Tá explicado?